O Hospede

fechadura-coracaoJá morei em alguns corações, mas nada concreto. Assim como também aluguei pequenos espaços no meu. Todos os contratos tinham prazos de validade bem curtos e nunca tive a intenção de renova-los. Nem sempre por culpa do inquilino, mas porque eu mesma não tinha interesse em abrigar pessoas que não me despertavam, nem mesmo, o mais simples dos sentimentos. 
Segurei outras mãos, me vi em outros olhos e recebi muitos abraços, alguns acompanhados de carinho e cheios de promessas, outros nem tanto. Confesso que alguns hospedes até me davam borboletas no estômago, mas acho que com o tempo, ou horas, se transformava em ânsia de vomito. Já lamentei por uns, já chorei por outros. Mas até isso era passageiro, cheguei a pensar que meu coração não era um bom hospedeiro
Foi quando as voltas desse mundo pequeno o colocou em minha vida. E desde então, me esqueci que um dia outras mãos me tocaram, outros lábios me cantaram e dos lugares que habitei. Senti logo de cara que as borboletas estavam diferentes. Que os risos que você me roubava eram quase permanentes. E que a distância poderia ser utilizada a nosso favor. 
Seu contrato criou raízes tão profundas que tive que expandir os cômodos, agora você hospeda também corpo e alma. Você me mostrou que meu coração é sim um bom lar. E eu já cansada de tanto perambular, escolhi o seu… para sempre morar.   

– Deh 

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